domingo, 26 de setembro de 2010

HEIDEGGER Sein und Zeit






















Para ampliar, clique duas vezes na imagem

Para imprimir, clique com o botão direito, salve a imagem em determinado arquivo, a seguir abra com algum editor e imprima nas dimensões adequadas (A4)

Tradução do mapa conceitual: Bernhard Sydow. Original disponível em língua alemã em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sein-und-Zeit-Hauptbegriffe.pdf

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

epistemologia


Discurso sobre o saber
Bernhard Sydow
nasci em 1958

Polinômio Recursivo (2007)

O conhecimento surge da ação complexa entre o sujeito e seus vários campos de ação e conhecimento

<-> Sujeito <-> Música <-> História <-> Dança <-> Educação <-> Cuidado <-> Cidadania <->

Humberto Maturana
nasceu em 1928


Autopoiesis and cognition (1980)
A ciência domínio cognitivo gerado na atividade humana cotidiana, como observadores explicando o que observamos através de uma rede de conversações que envolve afirmações e explicações validadas por uma comunidade científica, sob a paixão de explicar. Portanto, longe de ser uma atividade que segue rigorosamente um “método científico”.



FONTE:
Instituto de Formación Matríztica http://www.matriztica.org/index.php?option=com_frontpage&Itemid=29

Edgar Morin
nasceu em 1921, com o nome Edgar Nahoum
Epistemologia complexa
La connaissance de la connaissance (1986)

Dialógico
Uno
Complementar
Concorrente
Antagônico

Recursivo
produto e efeito são ao mesmo tempo causa e produtor daquilo que os produz

Hologramático
a parte está no todo
o todo está na parte
circular
transpor

Maurice Merleau-Ponty
*1908 +1961

O organismo não pode ser comparado a um teclado sobre o qual tocariam os estímulos exteriores, e no qual delineariam sua forma própria pela simples razão de que o organismo contribui para constituí-la...
As propriedades do objeto e as intenções do sujeito (...) não são apenas entremescladas, mas também constituem um novo todo.
Quando o olho e o ouvido seguem um animal que foge, na troca de estímulos e das respostas, é impossível dizer “qual deles começou”.
Considerando-se que todos os movimentos do organismo são sempre condicionados pelas influências externas, pode-se bem, se se quer, tratar o comportamento como um efeito do meio. Mas, do mesmo modo, como todas as estimulações que o organismo recebe só foram possíveis, por sua vez, através de seus movimentos precedentes que culminaram na exposição do órgão receptor às influências externas, poder-se-ia dizer também que o comportamento é a causa primeira de todas as estimulações. Assim, a forma do estimulador é criada pelo próprio organismo, por sua maneira própria de se oferecer às ações de fora.
Sem dúvida, para poder subsistir, ele precisa encontrar ao seu redor um certo número de agentes físicos e químicos. Mas é o próprio organismo – segundo a natureza adequada de seus receptores, segundo os limiares de seus centros nervosos e segundo os movimentos dos órgãos – que escolhe no mundo físico os estímulos aos quais ele será sensível.
O meio se destaca no mundo segundo o ser do organismo – estando claro que um organismo não pode existir, salvo se ele conseguir encontrar no mundo um ambiente adequado. Seria um teclado que se move a si mesmo, de maneira a oferecer – e segundo ritmos variáveis – esta ou aquela de suas teclas à ação, em si mesma monótona, de um martelo exterior.”
(Merleau Ponty, A estrutura do comportamento, 1975)


Imre Lakatos

1922 Debrecen - 1974 Londres
O nome original de Lakatos é Imre Lipschitz. Mudou seu nome para escapar da perseguição antisemita na Hungria.

"A história da ciência sempre é mais rica que sua reconstrução racional. Entretanto a reconstrução racional ou história interna é o principal; a história externa é secundária posto que os problemas mais importantes da história externa são definidos pela história interna"
(Lakatos, 1989; p.154).


Texto de Fernando Lang da Silveira:
A avaliação objetiva do crescimento do conhecimento científico deve ser realizada em termos de mudanças, progressivas ou regressivas, para séries de teorias científicas dentro de um "programa de pesquisa". "A própria ciência como um todo pode ser considerada um imenso programa de pesquisa com a suprema regra heurística de Popper: 'arquitetar conjecturas que tenham maior conteúdo empírico do que as suas predecessoras' " (Lakatos, 1979; p.162).
Assim, a história da ciência deve ser vista como a história dos programas de pesquisa e não das teorias isoladas.
Um programa de pesquisa pode ser caracterizado por seu "núcleo firme": teoria ou conjunção de hipóteses contra a qual não é aplicada a "retransmissão da falsidade"
1 . "O núcleo firme é 'convencionalmente' aceito (e, portanto, 'irrefutável' por decisão provisória)" (Lakatos, 1983; p116).
O programa pesquisa de Copérnico continha em seu "núcleo firme" a "proposição de que as estrelas constituem o sistema de referência fundamental para a física" (Lakatos, 1989, p. 234).
O programa de pesquisa de Newton continha as três leis do movimento e a Lei da Gravitação Universal.
No de Piaget encontrava-se a "hipótese de equilibração" (Gilbert e Swift, 1985).
No de Pasteur, a hipótese de que "a fermentação é um fenômeno correlacionado com a vida" (Asua, 1989; p. 76).
Os cientistas que trabalharam ou trabalham nesses programas não descartariam tais hipóteses, mesmo quando encontrassem fatos problemáticos ("refutações" ou anomalias).
Por exemplo, quando foi observado pelos newtonianos que a órbita prevista para Urano era discordante com as observações astronômicas, eles não consideraram que a Mecânica Newtoniana estivesse refutada;
Adams e Leverrier, por volta de 1845, atribuíram tal discordância à existência de um planeta ainda não conhecido - o planeta Netuno - , e portanto, não levado em consideração no cálculo da órbita de Urano.
Essa hipótese permitiu também calcular a trajetória de Netuno, orientando os astrônomos para a realização de novas observações que, finalmente, confirmaram a existência do novo planeta.

O que Lakatos afirma é que a "heurística negativa" do programa proíbe que, frente a qualquer caso problemático, "refutação" ou anomalia, seja declarado falso o "núcleo firme"; a falsidade incidirá sobre alguma(s) hipótese (s) auxiliar(es) do "cinturão protetor". O "cinturão protetor" é constituído por hipóteses e teorias auxiliares -"sobre cuja base se estabelecem as condições iniciais" (Lakatos, 1989; p.230) - e também pelos métodos observacionais. Ele protege o "núcleo firme", sendo constantemente modificado, expandido, complicado.
No programa de Newton o "cinturão protetor" continha modelos do sistema solar, a forma e a distribuição de massa dos planetas e satélites, a ótica geométrica, a teoria sobre a refração da luz na atmosfera, etc.
FONTE:
SILVEIRA, Fernando Lang da. A metodologia dos programas de pesquisa: a epistemologia de Imre Lakatos. Porto Alegre: UFRGS, Instituto de Física. disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/~lang/LAKATOS.pdf>



Jean Piaget
1896 - 1980
Construtivismo

Ein guter Experimentator muss zwei oft unverträgliche Eigenschaften in sich vereinigen: Er muss beobachten, das Kind sprechen lassen können, er darf den Redefluss nicht bremsen, nicht in eine falsche Richtung bringen, und er muss gleichzeitig ein Sensorium haben, etwas Genaues heraus zu holen. Er muss jederzeit eine Arbeitshypothese, eine Theorie, ob richtig oder falsch, zur Hand haben.... Anfänger suggerieren dem Kind, was sie finden möchten, oder aber sie suggerieren überhaupt nicht, weil sie nichts suchen, und dann finden sie auch nichts





Michel Foucault
1926 - 1984 - Estruturalismo
Les mots et les choses (1966),



Les Mots et les choses. Une archéologie des sciences humaines abre com uma descrição e análise detalhada do quadro de Velasquez: Las meninas, representação de representação clássica. "Peut-être y a-t-il, dans ce tableau de Vélasquez, comme la représentation de la représentation classique" escreve Foucault.
Cada período da história é caracterizado por um certo número de condições de verdade, categorias linguísticas e modelos de pensamento que ordenam o conhecimento.

L'archeologie du savoir (1969)
Contra a maneira positivista de ver a história como contínua e cumulativa, os estruturalistas sublinham a sua descontinuidade. E colocam a história do saber num lugar especiel: enquanto histoire récurrente, ela é uma história retrospectiva. As obras de Foucault tentam dar continuidade ao pensamento da Althusser e Canguilhem através do desenvovlimento de uma epistemologia estruturalista. Mas nos últimos anos Foucault se distanciou das concepções defendiadas em Les mots e L'archeologie du savoir.
O conceito central de Foucault em sua fase estruturalista é o de Episteme que representa a estrutura do pensamento que constitui a ciência de cada época.

Louis Althusser
Marxismo
Pour Marx (1965), Lire le Capital (1965)
Nos anos 1960 Louis Althusser empreendeu a tentaiva de desenvolver uma epistemologia em base marxista, que deveria se fundamentar em uma nova leituras epistemológica de Das Kapital (Pour Marx, Lire le Capital). Seu esforço deveria vir de encontro às interpretações falhas das bases humanistas abstratas do marxismo. Neste trabalho apoiou-se largamente nas teses de Bachelard e Canguilhem, em cuja perspectiva ele via a ciência (a teoria marxista do capitalismo) separada por um corte epistemológico ("coupure épistémologique") da ideologia. Em sua interpretação de Marx ele separava entre as obras da juventude de Marx, determinadas por motivos antropológicos e as obras econômicas do Marx maduro, nas quais não se encontram mais referências ás categorias oriundas da filosofia do idealismo humanista. A polêmica antihumanista de Althusser levou a grandes discussões dentro do partido comunista francês e entre os intelectuais fortemente influenciados pelo marxismo já que o humanismo era um dos principais conceitos do estalinismo dos anos 1950. Também o antihumanismo esclarecido de Foucault deve ser visto desta maneira. A defesa do humanismo contra Foucault e Althusser, em nome do partido comunista foi empreendida por Roger Garaudy. Althusser recebeu a adesão de um círculo de estudantes da École Normale Supérieure, que junto com ele eram os editores do livro Lire le Capita. Como eles também pertenciam ao grupo de alunos de Jacques Lacan, também as últimas obras de Lacan influenciaram os pensamentos teórico-científicos da epistemologia, principalmente na forma representada por Georges Canguilhem. Althusser argumenta que houve uma ruptura epistemológica nas obras de Marx a partir de 1845, quando se dedica exclusivamente aos estudos econômicos. Complementar os pensamentos do Marx maduro com as obras de sua juventude ou com conceitos de Engels é perda de rigor do conhecimento científico. A tese central de toda a filosofia de Althusser é que a história é um processo sem sujeito e sem fins cujo motor são as forças produtivas (e a luta de classes determinada por elas). A história não tem sentido. Para Althusser todos somos sujeitos, e na qualidade de sujeitos, marionetes da história, mas esta história não é movida por alguém, o que desemboca em sua famosa tese de que todos somos marionetes de algo que não vai a lugar nenhum, de algo sem sentido. Outra famosa tese filosófica de Althusser é que, ao contrário do que comumente se pensa, a filosofia sempre vem depois da ciência. Esta tese rechaça que a filosofia tenha sido a mãe de todas as ciências, mas afirma que a filosofia é a filha das ciências. Isto quer dizer, a filosofia não é una ciência, sino una reação às ciências no campo teórico. De esta forma, a matemática (Tales de Mileto) engendrou a filosofia de Platão, a física (Galileu) engendrou a filosofia de Descartes, a ciência da história (Marx) engendrou sua própria filosofia (e a psicanálise (Freud) começa desde agora a engendrar sua própria filosofia). O interessante deste processo é que a filosofia marxista, engendrada pela ciência da história é, para Althusser, "correta", (não verdadeira, pois a filosofia não diz verdades, não é uma ciência, mas uma ideologia), isto quer dizer, a filosofia coloca-se corretamente em posições que defendam as ciências já que a ciência da história lhe permite o conhecimento científico da produção filosófica e ideológica, lhe permite, por fim, o conhecimento científico da produção de si mesma. Nisto consiste "a imensa revolução teórica de Marx".


Gaston Bachelard

Jean Cavaillès








FONTES:

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Métodos das ciências sociais

Método é o caminho percorrido para chegar a determinado fim. O conhecimento científico diferencia-se dos demais pela sua verificabilidade: identificar operações, procedimentos mentais e técnicas para atingir certo conhecimento.

A inspiração filosófica dos pesquisadores determina a escolha dos métodos, entre os quais:

DEDUTIVO - racionalismo - Descartes, Spinoza, Leibnitz - parte de premissa maior
INDUTIVO - empirismo - Bacon, Hobbes, Locke, Hume - parte do particular
HIPOTÉTICO-DEDUTIVO - neo-positivismo
DIALÉTICO - materialismo dialético
FENOMENOLÓGICO - fenomenologia - Husserl

DEDUTIVO
- racionalismo - Descartes, Spinoza, Leibnitz - parte de premissa maior
Aplicação na Física (lei da gravidade) e na Matemática (cálculo da área)
Assemelha-se à teologia que parte de posições dogmáticas

INDUTIVO
- empirismo - Bacon, Hobbes, Locke, Hume - parte do particular
Para atingir o conhecimento científico adota a observação como procedimento indispensável

HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
- neo-positivismo
Karl Popper. Logik der Forschung. A lógica da investigação científica.




SP1 - TT1 - EE1 - PS2

Em resposta a dada situação problema (SP1) é formulado um conjunto de tentativas teóricas (TT1) que em seguida são submetidas a falseabilidade, eliminação de erros (EE1)

ou

PROBLEMA - CONJECTURAS - DEDUÇÃO DE CONSEQÜÊNCIAS OBSERVADAS - TENTATIVA DE FALSEAMENTO - CORROBORAÇÃO

Wer's nicht einfach und klar sagen kann, der soll schweigen und weiterarbeiten bis er's klar sagen kann. Quem não consegue formular seu pensamento com simplicidade e clareza, deve calar-se e continuar trabalhando até que consiga dizê-lo com clareza. Esta crítica Popper dirigia aos membros da Escola de Frankfurt (Theodor Adorno e Habermas)

DIALÉTICO
- materialismo dialético

Princípios de Engels

Unidade dos opostos
Quantidade e qualidade
Negação da negação

As pesquisas fundamentadas no método dialético entendem os fatos a partir de seu contesxto social econômico e cultural, privilegiando as mudanças qualitativas.

FENOMENOLÓGICO
- fenomenologia - Husserl, Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, Francisco Varella

Parte do cotidiano, da compreensão do modo de viver das pessoas. Procura resgatar os significados atribuidos pelos sujeitos ao objeto que está sendo estudado.



FONTES:
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2008. Copyright 1985.
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1992.
TRUJILO FERRARI, Alfonso. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1982.
http://de.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper
http://en.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Combatendo os preconceitos: Bacon

Francis Bacon (*1561 +1626) publica True Directions Concerning the Interpretation of Nature (Novum Organum) em 1620. Escrito em latim, linguagem acadêmica da época, para que todos pudessem ler e entender, esta obra é vista por alguns como o marco que separa o pensamento medieval da pesquisa metódica do novo tempo.

Bacon pensava em instaurar um novo pensamento (instauratia magna) ao combater a filosofia aristotélica e escolástica da época. O prórpio título é uma alusão ao Organum de Aristóteles.

Sob a influência de Bacon a ciênia passou a adotar o método da observação minuciosa e do experimento. Estavam colocados os fundamentos para o empirismo.

Bacon recomenda que sejamos precavidos contra alguns tipos de noções falsas e preconceitos (ou prejuízos como dizem os franceses) que obstruem o acesso à verdade e o avanço da ciência.

Preconceitos fundados na natureza humana, antropomorfismo (ídolos da tribo);

Preconceitos individuais (ídolos da caverna - alusão à metáfora usada por Platão, de que apenas vemos nossas sombras projetadas pela luz de uma fogueira sobre a parede da caverna);

Enganos sociais e da linguagem (ídolos da feira ou do foro);

Raciocínios dedutivos do tipo silogismo filosófico aristotélico sem base experimental ou empírica (ídolos do teatro);

Seguem os aforismos de Bacon traduzidos para o português

XXXVIII

Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de seu pórtico logrado e descerrado, poderão ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o mais que possam.

XXXIX

São de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam a mente humana. Para melhor apresentá-los, lhes assinamos nomes, a saber: Ídolos da Tribo;Ídolos da Caverna; Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro.( Idola Tribus. Idola Specus, Idola Fori e Idola Theatri.)

XL
A formação de noções e axiomas pela verdadeira indução é, sem dúvida, o remédio apropriado para afastar e repelir os ídolos. Será, contudo, de grande préstimo indicar no que consistem, posto que a doutrina dos ídolos tem a ver com a interpretação da natureza o mesmo que a doutrina dos elencos sofísticos com a dialética vulgar.

XLI

Os ídolos da tribo estão fundados na própria natureza humana, na própria tribo ou espécie humana. E falsa a asserção de que os sentidos do homem são a medida das coisas. Muito ao contrário, todas as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam analogia com a natureza humana e não com o universo. O intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe.

XLII

Os ídolos da caverna (A expressão tem origem no conhecido Mito da Caverna, da República de Platão. A correlação é metafórica, de vez que o sentido preciso é diferente) são os dos homens enquanto indivíduos. Pois, cada um — além das aberrações próprias da natureza humana em geral — tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza: seja devido à natureza própria e singular de cada um; seja devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram; seja pela diferença de impressões, segundo ocorram em ânimo preocupado e predisposto ou em ânimo equânime e tranquilo; de tal forma que o espírito humano — tal como se acha disposto em cada um — é coisa vária, sujeita a múltiplas perturbações, e até certo ponto sujeita ao acaso. Por isso, bem proclamou Heráclito (Heráclito, fragmento 2 (n.º de Diels): “Por isso convém que se siga a universal (razão, logos), quer dizer a (razão) comum: uma vez que o universal é o comum. Mas, embora essa razão seja universal, a maioria vive como se tivesse uma inteligência absolutamente pessoal”.) que os homens buscam em seus pequenos mundos e não no grande ou universal.

XLIII

Há também os ídolos provenientes, de certa forma, do intercurso e da associação recíproca dos indivíduos do gênero humano entre si, a que chamamos de ídolos do foro devido ao comércio e consórcio entre os homens. Com efeito, os homens se associam graças ao discurso,12 e as palavras são cunhadas pelo vulgo. E as palavras, impostas de maneira imprópria e inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto. Nem as definições, nem as explicações com que os homens doutos se munem e se defendem, em certos domínios, restituem as coisas ao seu lugar. Ao contrário, as palavras forçam o intelecto e o perturbam por completo. E os homens são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias.

XLIV

Há, por fim, ídolos que imigraram para o espírito dos homens por meio das diversas doutrinas filosóficas e também pelas regras viciosas da demonstração.
São os ídolos do teatro: por parecer que as filosofias adotadas ou inventadas são outras tantas fábulas, produzidas e representadas, que figuram mundos fictícios e teatrais. Não nos referimos apenas às que ora existem ou às filosofias e seitas dos antigos. Inúmeras fábulas do mesmo teor se podem reunir e compor, por que as causas dos erros mais diversos são quase sempre as mesmas. Ademais, não pensamos apenas nos sistemas filosóficos, na universalidade, mas também nos numerosos princípios e axiomas das ciências que entraram em vigor, mercê da tradição, da credulidade e da negligência. Contudo, falaremos de forma mais ampla e precisa de cada gênero de ídolo, para que o intelecto humano esteja acautelado.

FOTES:

Versão eletrônica do livro “Novum Organum ou Verdadeiras Indicações Acerca da Interpretação da Natureza”
Autor: Francis Bacon
Tradução e notas: José Aluysio Reis de Andrade
Créditos da digitalização: Membros do grupo de discussão Acrópolis (Filosofia)
Homepage do grupo: http://br.egroups.com/group/acropolis/

http://ich.ufpel.edu.br/economia/professores/nelson/metodecon/novum_organum.pdf

http://de.wikipedia.org/wiki/Novum_Organum

APHORISMI DE INTERPRETATIONE NATURAE, ET REGNO HOMINIS


40

42

43

44















Disponível em http://books.google.com/books?hl=pt-BR&lr=&id=szPFlsq7vtkC&oi=fnd&pg=PR13&dq=%22Bacon%22+%22Novum+organum%22+&ots=0iAixv0ANw&sig=W-5Jfpb4d5w46I9AphXdtehUtHs#PPA64,M1

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pesquisa

MÉTODO CIENTÍFICO

Caracterizar (observar, descrever, medir)
Formular Hipótese (explicações teóricas, suposições sobre as observações e medidas realizadas)
Prever (pensamentos incluindo deduções lógicas a partir da hipótese ou teoria)
Experimentar (Testar hipótese, suposições, deduções)

ou seja

1 - Definir a questão
2 - Observar, colher informações e fontes
3 - Formular hipótese
4 - Fazer experiências e coletar dados
5 - Analisar dados
6 - Interpretar dados e delinear conclusões que permitam formujlar novas hipóteses
7 - Publicar resultados
8 - Testar novamente as hipóteses

Na pesquisa prática as experiências devem ser tão bem descritas que possam ser repetidas em outro lugar.

Na pesquisa teórica sempre deve ser possível saber em que fatos ou provas o autor fundamenta suas conclusões.

1 - Consultar bem mais de uma fonte, livro, ou texto.

2 - Comparar as várias informações. Revelar diferenças. Construir pensamento próprio.

3 - Descrever o que descobriu em suas fontes e o que elas podem contribuir em seu projeto

História do método científico

2000 a. C. - Primeiros textos
320 a. C. - Aristóteles produz documentos e diferencia o conhecimento em física, poética, zoologia, lógica, retórica, política e biologia
200 a. C. - Biblioteca em Alexandria
800 - químicos islamitas: Geber experiência controladas
1021 - Alhazen, físico e pesquisador iraquiano introduz o método experimental combinando, observação experimentação e raciocínio lógico em seu livro de ótica
1025 - Abu Rayhan, cientista persa, desenvolve métodos experimentais para mineralogia, mecânica e astronomia
1025 - Avicena descreve o método de diferença e variação concomitante criticando a lógica indutiva no Cânone da Medicina (Al-quanun fi al-tibb em árabe)
1027 - Avicena critica o método indutivo de Aristóteles
1327 - William de Okham (Guilherme de Occam, escola nominalista): todo conhecimento racional tem base na lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos sentidos
1403 - Criação da primeira enciclopédia, comissionada por Yongle imperador chinês
1590 Francis Bacon desenvolve a experiência controlada (Este método só é aplicável às ciências naturais como física e química, por isso chamadas "duras" em contraste com as ciências suaves como as humans ou sociais)
1600 - primeiro laboratório científico
1620 - Francis Bacon publica o Novum Organum
1637 - René Descartes: primeiro Método Científico
1650 - A sociedade de especialistas, Royal Society: a experiência é o árbitro da verdade
1665 - Robert Boyle: repetibilidade
1665 - Revista científica
1675 - Revisão por pares: um ou mais especialistas do mesmo escalão investigam um trabalho
1687 - Issac Newton: hipótese, previsão
1710 - David Hume identifica o problema da indução
1753 - Experimento controlado: determinado fator é aplicado a apenas uma de dois grupos
1926 - Ronald Fisher: Statistical Methods
1934 - Karl Popper The Logic os Scientific Discovery. Falseabilidade como critério para avaliar hipótese nova
1946 - Modelagem computacional ou Simulação computadorizada
1950 - Duplo-cego: nem examinado nem examinador sabem o que está sendo utilizado como variável em um dado momento
1962 - Thomas Kuhn: The Structure of Scientific Revolutions. A ciência desenvolve-se segundo determinadas fases, de crise em crise, de paradigma em paradigma
1964 - John Platt: Strong inference

ESTUDO DE CASO

Quando a Harvard Business School iniciou suas atividades em 1920, seus professores constataram que não havia livros texto para seus alunos. A solução encontrada foi realizar entrevistas com administradores de destaque e escrever relatórios detalhados sobre sua maneira de agir. Os estudantes recebiam a tarefa de ler os relatórios e comparecer à aula preparados para discutir estes casos e sugerir recomedações para planos de ação apropriados.

Neo-positivismo

ou positivismo lógico é uma escola filosófica iniciada entre 1920-30 que combina o empiricismo, a idéa que o coonhecimento observável é indispensável para o conhecimento do mundo, com uma versão do racionalismo que incorpora construções lógico-linguísticas e e deduções epistemológicas.

Robert Yin define o estudo de caso como uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno atual em seu contexto natural utilizando várias fontes de evidência, quando o limite entre contexto e fenômeno não é muito nítido. O método pode ser utilizado para (a) crítico - testar uma hipótese ou teoria, (b) extremo - pesquisar um caso raro, ou (c) revelador - investigar um caso inédito

Recomenda que deve haver um esforço exaustivo na investigação, que se examinem hipóteses contrárias à da pesquisa, que as evidências sejam muito fortes e convincentes e que o relato seja claro, instigante e persuasivo.

Socioconstrucionismo

1966 - Peter Berger e Thomas Luckmann: The social construction of reality. Socioconstrucionismo é uma teoria do conhecimento sociológica e psicológica que considera qie os fenômenos sociais se desenvolvem a partir de determinados contextos sociais

Robert Starke, em se tratando do método de pesquisa "estudo de caso" define caso como uma unidade específica, um sistema delimitado cujas partes são integradas e classifica três tipos:

(a)- Intrínseco: o caso é de interesse em si por causa de suas particularidades
(b) - Instrumental: acredita-se que o caso poderá facilitar a compreensão de algo mais amplo, permitindo novas maneiras de compreender ou para discutir uma verdade geralmente aceita
(c) - Coletivo: estudo de um conjunto de casos para esclarecer determinado fenômeno

O resultado da pesquisa pode revelar alguma coisa sobre 1 - sua naturza, 2 - seu histórico, 3 - o contexto, 4 - outros casos, 5 - as fontes

Se corro o risco de expor resultados à comunidade de pares é por ser esta a única maneira de chegar a alguma objetividade alcançável.